segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Ele às vezes está mesmo a ouvir o que eu digo (ou um Artigo sobre Poupanças)

Estou de volta e num fato de treino absolutamente confortável.

Bem, ao que interessa.

Um dos meus objectivos para este ano era criar uma série de poupanças e investimentos para começar a ver o meu dinheiro em qualquer é lado. É tudo muito bonito, mas a malta é jovem, quer curtir a vida, beber uns canecos, viajar e fazer um plano a longo prazo, não faz parte dos planos. E claro que não fez parte dos meus.

Ainda me lembro de trabalhar no McDonalds com 17 anos e encontrar umas sapatilhas DKNY que eram tudo o que eu precisava para ser feliz. Custavam 100 euros. O meu plano começou por levar lá a minha mãe e mostrar-lhe quão essenciais as sapatilhas eram para a minha felicidade. Tínhamos noções diferentes de felicidade. Fui até à caixa com o meu beicinho, a realçar a beleza das ditas, como seriam importantes no meu futuro.. mas nada feito. A Maria não cedeu e eu tive de dar uso ao meu cartão.

Hoje, 13 anos depois, ainda as tenho e posso dizer que estão impecáveis. Custaram-me os olhos da cara e cada uma das 27 vezes que as usei tive o máximo de cuidado, limpei-as e guardei religiosamente no respectivo saco. Acho que as guardo para nunca mais cometer semelhante estupidez, para ser honesta.

[Posto isto, posso desde já concluir que consigo divagar tanto ou mais por escrito do que quando estou a falar.]

Vamos lá ao que interessa. Comecei o ano a criar um plano programado no meu banco. Basicamente fixei um valor e todos os meses ao dia 3, o dinheiro sai da minha conta quase sem eu ver e fica numa conta paralela a render, sendo que lhe posso mexer numa emergência. A grande vantagem? Ele sai da conta e nem contamos com ele.

Mas ainda não era suficiente e queria fazer algo mais. Andava a passear pelo Business Insider e dei de caras com este artigo. Basicamente, John Steinert tem 25 anos e uma capacidade de gestão financeira excepcional. Algo que nos meus 25 anos, era impensável. Tipo há as viagens, os gadgets, a queima, o Tendinha, Las Vegas e outras coisas, para que raio ia eu pensar no meu budget mensal?

Perdi um par de horas a 'googlar' o senhor e a ler o seu blog. Claro que muitas das suas medidas são criadas para um estilo de vida americano, mas outras são claramente aplicáveis ao nosso dia a dia e são medidas que nos vão ajudar a viver sem a pressão de ver a conta no negativo no final do mês.

O artigo que mais me chamou à atenção no seu blog, dá pelo nome de The 52 Week Saving Challenge. Fiquei louca e resolvi evangelizar meio mundo.


O conceito é simples, começar na primeira semana de Janeiro e colocar num mealheiro 1 euro. Todas as semanas aumentamos 1 euro ao valor que vai para o mealheiro e o plano dura um ano. No final do ano e na última semana, estamos a colocar 52 euros no mealheiro. Ao final do desafio, estão €1.378 no mealheiro. 

Entre as conversas que fui tendo foram levantadas algumas questões válidas e também soluções:

  • Começar no mês de Janeiro pode não ser a coisa mais inteligente do mundo - o mês mais doloroso do desafio vai bater exactamente no Natal 
  • Podemos ajustar este valor à nossa realidade pessoal se um euro é muito, podem fazer com 10 cêntimos e ao final do ano têm €137,80, ou qualquer outro valor.
  • Se tiverem um plus one, podem por exemplo dividir. (Esta foi sugestão da nossa Helena)


Continuei a debater o desafio com muita gente e o 'meu muchacho' estava por lá. Enquanto se falava da dureza que é o último mês para o comum mortal (49€+50€+€51+€52), o jovem diz simplesmente:

"Isso é para aprender a viver com menos um euro por semana."

E fez-se luz na minha cabeça. A realidade é que num cenário em que temos por exemplo um ordenado semanal (algo que se passa em vários países) ou em que dividimos o nosso budget por semanas, este desafio está a ensinar-nos a viver com menos 1 euro por semana. Coisa tão simples.

Quanto a mim, começo no próximo domingo o meu desafio. Venham 52 semanas.

Conclusão deste artigo: 

Quando menos esperas concluis que o teu namorado efectivamente ouve a quantidade incrível de barbaridades que tu dizes. Mas ouve mesmo. 


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